sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Bienal de Cerveira 2011 até 2013....










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A mais antiga Bienal de Arte do nosso país chegou ao fim no passado dia 17 de Setembro. Com perto de cem mil visitantes, demonstra a importância do certame para a pequena vila de Vila Nova de Cerveira. Com actividade contínua desde o dia 16 de Julho, na semana de términos, a Bienal contou com Performances de Manoel Barbosa e Izidorio Cavalcante (artista que estava em residência desde o inicio de Setembro), concertos dos We Trust, Terrakota e pela noite dentro ficou o DJ Miguel Rendeiro a terminar em beleza a festa.
Manoel Barbosa, apresentou no Forum Cultural a performance “NELGMR”. Acompanhado em palco de Sónia Carvalho, Sarah Klimsch e Inês Miguel que foram desenvolvendo ao longo da performance um dialogo constante dos agentes intervenientes. Com uma ligação tão forte, a mística da voz do mestre junto com Sónia Carvalho leva a uma fixação renitente em todas as pequenas e subtis mudanças no despojado cenário, levando o espectador a estados sensoriais extrapolados quase a ter a sensação de hipotermia. Irrepetível este happening ficará marcado pela brilhante equipa fez deste momento um registo pela história da Bienal.
O Brasileiro Izidorio Calvalcanti, estava em Cerveira desde o inicio de Setembro numa residência artística para desenvolver pela primeira vez em Portugal o seu projecto “Nego”. O propósito é criar uma simbiose entre o publico/espectador tornando-se publico/autor na construção da obra. Uma forma de cada um poder contribuir e vivenciar a experiencia da criação de obra de arte, levando-o a descobrir os desconfortos estéticos e dissabores inerentes no processo de construção da obra artística. No final foi apresentado ao público “Meu coração aberto”, onde o artista dilacerou de uma forma implacável um coração de animal morto, levando a um corte entre a angelical sala branca e ele próprio vestido de branco, banhado de sangue do duro golpe proferido. Uma relação tão forte com valores da crença religiosa que nos fazem questionar a relação entre o ser estar presente passado, ausente, morte.
Zadok Bem-David, vencedor do grande prémio da XIV Bienal, inaugurou a sua “caixa mágica”/”caixa de sapatos fluante”. O repto para a criação desta ‘escultura habitável’ foi lançado pela Escola Superior Gallaecia ao artista israelita, que descreve este trabalho como o “recente desenvolvimento das suas obras relacionadas com a ilusão e a gravidade”, uma estrutura construída ao longo da 16ª Bienal de Cerveira (project in progress) possui grandes dimensões (um cubo de face maiores de oito metros), tendo esta apresentação do projecto dado o mote para inicio oficial da festa de encerramento.
A noite caiu em Cerveira e com ela veio da banda “nova sensação” das rádios portuguesas, os We trust. André Tentugal, reconhecido no como realizador de videoclipes de bandas como - Azeitonas – Em boa companhia eu vou, Sizo – First, X-Wife “On The Radio", juntou os amigos criados ao longo de anos de trabalho com algumas destas bandas entre eles Rui Maia e Nuno Sarafa (X-Wife), Gil Amado (Long Way to Alaska), João André (Bandemónio) e Sérgio Freitas (Zany Dislexic Band). Um concerto soberbo, que deixou a grande maioria dos presentes prestes a sair da cadeira, transmitindo uma energia renovada na forma de fazer música indie-pop. Não serão certamente uma banda a ficar derretida no verão, e a confirmar isso mesmo é o movimento de fans que aguardam pelo lançamento do primeiro registo de originais que verá a luz do dia em finais de Outubro. O concerto teve a sua apoteose com o single “Time (better not stop” contudo a mais de hora de actuação teve os seus momentos altos com “Gone” ou já no final com “Surrender”, confirmando que o multifacetado artista está para durar, marcando de forma indelével a cena musical portuguesa.
A proposta para o dia 17 incluía um painel de pintura a cargo dos artistas da Galeria Projecto: Belkiss, Daniela Steele, Celeste Cerqueira, Susana Bravo e Agostinho Santos), abrilhantada por momentos de jazz com os Talis Saxophone Quartet e para encerrar a tarde uma performance tributo a Jorge Lima Barreto no auditório do Fórum Cultural pelo grupo Zul Zelub.
Vieram de Lisboa e na mala vinha o mais recente “World Massala”. Os ritmos quentes dos Terrakota, misturaram-se com a quente e agradável noite, juntando desta forma a mística da sonoridade Africana com o ambiente de festa que se começou a formar. Um espectáculo contagiante pela fusão dos vários estilos e instrumentos presentes em palco.
O multifacetado dj Miguel Rendeiro, fechou em grande a noite, deixando saudades desta festa, que só se voltará a repetir em 2013.