sábado, 24 de setembro de 2011

Diminuto Cielo & Peltzer @ MN - 23 Set 2011

 









Um serão com três concertos era a proposta do Mercado Negro para a noite do passado dia 23 de Setembro. Uma tournée em terras lusas da equipa formada pelos espanhóis Diminuto Cielo, os portugueses Peltzer e a terminar os espanhóis Minimarket.
A abrir as hostes veio o Victor Herrera, o jovem das ilhas Canárias que se apresenta como Diminuto Cielo. Podemos considerar que o ritmo frenético tomou logo conta da sala, e manteve a batida até ao último segundo que esteve em palco. Influenciado pelos movimentos indie-pop e pós-punk das ilhas Canárias o som eclético transpira um conjunto de sensações de amor e ódio visíveis no set de imagens que vão sendo projectadas ao longo do concerto.
Após um curto intervalo subiram ao palco os Peltzer, banda portuguesa formada inicialmente por Rui Gaio com o VJ Pedro Gonçalves, deixando de ser uma one-man-band para se tornar num trio quando se juntaram Cato Calado e Paulo Barreto. Numa base essencialmente electrónica o projecto lançou em 2010 o primeiro ep intitulado “Outdated”. O auditório do Mercado presenciou um momento volátil, denso na essência da uniformidade criada pelos músicos a juntar a forte componente visual que manteve-se do primeiro ao último minuto do concerto. Despojado de más intenções, todo o movimento estava síncrono, deixando transparecer um clima de festa, criada pela batida continuada e constante.
Uma electrónica subtil e brilhante para quem esteve neste momento triplo. O Mercado continua de parabéns por criar verdadeiras noites de fusão de estilos, possíveis pelo fabuloso ambiente que se vem sentindo.

Don’t Shoot At The Saxophe Player @ Performas, 23 de Setembro















O jovem músico Aveirense Henrique Portovedo fundiu-se com o encenador Filipe Pereira, a fim de produzirem uma performance. Da mistura destes artistas seria de esperar algo soberbo e foi o caso do "Don’t Shoot At The Saxophe Player" apresentado no Estúdio Performas nos passados fins-de-semana de Setembro.
Com uma possante presença em palco o musico contracena com Miguel Rosas criando uma dinâmica de espaço, substanciosamente preenchida com um jogo de luz e cor gerado pela excelente equipa técnica e enriquecido pelos vídeos de Daniela Vidal Ferreira.
Não me abstenho que estava à espera de uma performance onde a componente musical teria uma dominante forte, e foi o caso. Surpreendi-me com a mistura entre o lado mais dançável de todo o espectáculo misturado com os vários instrumentos de sopro que o Henrique ia executando a contracenar com o actor criando uma mistura funcional do espaço cénico, este despojado de grandes artefactos, o que ajudava a ter uma percepção maior de todo o universo físico. A completar, o visualismo experimental onde a mistura de footage ao estilo vintage, com referencias a movimentos pop-art e film noir, intensamente marcados por uma dominante contrastada da imagem. O parco público presente, manteve uma entusiasmada e contagiante presença, impulsionada pela batida constante, resultando por vezes complicado ficar sentado na cadeira.
Poderia quase afirmar que a qualidade da performance é inversamente proporcional à assistência presente. Infelizmente este trabalho de uma qualidade técnica notável ainda não é facilmente absorvido pelo público. “Ouvido duro e vista curta”, diria eu, ou menos receptivos a novas tendências estéticas, a afirmação deste tipo de espectáculos é ainda um desafio para uma equipa que mantém uma fasquia alternativa.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Encontros da Imagem 2011

Na semana passada desloquei-me até Braga para visitar os Encontros da Imagem. O festival de fotografia mais antigo da Península Ibérica, criado em 1987. O certame festeja este ano a sua 21ª edição, demonstrando já uma sólida afirmação como evento de destaque para a fotografia tanto a nível Nacional como Internacional. Para esta edição estão representados 36 artistas, de várias nacionalidades, todos com um elo comum à temática social. “Novas Visões na fotografia social” foi o tema escolhido, tendo por base as constantes transformações sociais, políticas e económicas que se tem vindo a sofrer nos últimos tempos a nível global.
No Museu da Imagem encontra-se uma das exposições mais importantes. Stéphane C. apresenta “They Never Adopted the Name for Themselves”. Um trabalho sobre o poder imaginativo de quem o vê revelando um “combate espiritual e interior, anímico, fruto de uma dualidade e ambiguidade”. Sem uma referência temporal ou espacial, as fotografias contrastadas a preto e branco, ganham uma vitalidade pelo espaço que ocupam.
No percurso por mim realizado, segui para o Museu D. Diogo de Sousa, onde está a exposição do colectivo português Kameraphoto. A exposição que surgiu de um repto realizado aos fotógrafos deste colectivo português partiu de uma forma de registo à realidade nacional, criando uma pluralidade de olhares construindo uma narrativa visual sobre a memória colectiva. Não nego que a minha fasquia para esta exposição estava “alta” e saí dela super satisfeito, o colectivo merece o reconhecimento que lhes tem sido feito. A exposição tem uma qualidade muito acima da média, quer pelo lado estético quer pelo lado técnico. Comparável com a exposição “El puder de la duda”que estava presente no ICO da Photoespaña, esta exposição não é um mero conjunto de imagens bonitas, mas uma provocação pelos valores actuais da nossa sociedade.
O trabalho da Marina del MAR (que se encontra na Casa dos Crivos) foi outras das grandes surpresas. Ela documenta com precisão os conteúdos do quotidiano festivo de Almeria. É um trabalho dirigido às pessoas da festa e não aos acontecimentos que fazem parte dela. Uma visão sobre o ambiente levado a um lado mais humano através do “retrato” minucioso sobre o detalhe de uma festa. ”Um mundo feliz”, titulo escolhido para esta exposição, enquadra-se na perfeição no registo social, temática que envolve esta edição dos Encontros da Imagem!
Quando em Junho passado comecei a receber informações sobre esta edição dos Encontros da Imagem, fiquei logo curioso com o trabalho do Irlandês Dragan Tomas. Consultei a página do artista e encontrei o “Leaving the Road”. O portfolio exprime uma profunda paixão pela comunidade de Irish Travellers, que vivem em part-time no lado norte da cidade de Cork, na Irlanda do Sul. A leveza do trabalho é de uma mestria sublime. A exposição está presente num espaço multifunções, onde para além de galeria encontra-se um salão cabeleireiro muito alternativo de nome Pedro Remy. Tornando esta exposição mais um “must see” destes Encontros da Imagem.
O Brasileiro Pedro Stephan apresentou na galeria Show Me um trabalho muito curioso sobre “Luana Muniz, a rainha da Lapa”. Um registo intimista sobre o mundo trangêneros. Para além de inovador pela temática muito pouco abordada no meio fotográfico, a exposição destaca-se pela forma como se apresenta na galeria.
A parte final do percurso foi dedicada ao Mosteiro de Tibães. Já referi por diversas vezes que é um local fantástico para acolher as exposições. Este ano não é excepção. Na sala de entrada do Mosteiro está a exposição “New Life | New Document”. Uma visão de vários fotógrafos sobre a vida quotidiana de países de leste, demonstrando uma pequena fracção das tendências contemporâneas da fotografia documental Checa, Húngara, Polaca e Eslovaca. Aqui o escriba chegou a confundir algumas das fotografias com o trabalho do mestre Martin Parr, de tal forma se fazia notar a brilhante qualidade dos trabalhos expostos.
Por vezes os acasos são bons! Estou a referir-me ao Mexicano Óscar Fernando, que começou na fotografia quase por brincadeira e que mostra pela primeira vez fora do México um trabalho fabuloso, sobre um ponto de vista do seu local de trabalho – o táxi, que conduz em Montrey. Uma visão particular e apaixonada sobre a cidade e arredores, relatados de uma sensibilidade que quem está envolvido com a arte de uma forma mais liberal e despojada de uma forte tendência estética ou técnica.
Para terminar a visita, estava colocado um grande painel com as setenta propostas concorrentes ao prémio Emergentes DST. Numa iniciativa colectiva entre os Encontros da Imagem e a DST que visa premiar um portfolio, ficando automaticamente seleccionado a integrar a próxima edição do festival.
Se gosta de fotografia recomendo uma visita até finais de Outubro a Braga à 21ª edição destes Encontros. Mais informações em http://encontrosdaimagem.com

Bienal de Cerveira 2011 até 2013....










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A mais antiga Bienal de Arte do nosso país chegou ao fim no passado dia 17 de Setembro. Com perto de cem mil visitantes, demonstra a importância do certame para a pequena vila de Vila Nova de Cerveira. Com actividade contínua desde o dia 16 de Julho, na semana de términos, a Bienal contou com Performances de Manoel Barbosa e Izidorio Cavalcante (artista que estava em residência desde o inicio de Setembro), concertos dos We Trust, Terrakota e pela noite dentro ficou o DJ Miguel Rendeiro a terminar em beleza a festa.
Manoel Barbosa, apresentou no Forum Cultural a performance “NELGMR”. Acompanhado em palco de Sónia Carvalho, Sarah Klimsch e Inês Miguel que foram desenvolvendo ao longo da performance um dialogo constante dos agentes intervenientes. Com uma ligação tão forte, a mística da voz do mestre junto com Sónia Carvalho leva a uma fixação renitente em todas as pequenas e subtis mudanças no despojado cenário, levando o espectador a estados sensoriais extrapolados quase a ter a sensação de hipotermia. Irrepetível este happening ficará marcado pela brilhante equipa fez deste momento um registo pela história da Bienal.
O Brasileiro Izidorio Calvalcanti, estava em Cerveira desde o inicio de Setembro numa residência artística para desenvolver pela primeira vez em Portugal o seu projecto “Nego”. O propósito é criar uma simbiose entre o publico/espectador tornando-se publico/autor na construção da obra. Uma forma de cada um poder contribuir e vivenciar a experiencia da criação de obra de arte, levando-o a descobrir os desconfortos estéticos e dissabores inerentes no processo de construção da obra artística. No final foi apresentado ao público “Meu coração aberto”, onde o artista dilacerou de uma forma implacável um coração de animal morto, levando a um corte entre a angelical sala branca e ele próprio vestido de branco, banhado de sangue do duro golpe proferido. Uma relação tão forte com valores da crença religiosa que nos fazem questionar a relação entre o ser estar presente passado, ausente, morte.
Zadok Bem-David, vencedor do grande prémio da XIV Bienal, inaugurou a sua “caixa mágica”/”caixa de sapatos fluante”. O repto para a criação desta ‘escultura habitável’ foi lançado pela Escola Superior Gallaecia ao artista israelita, que descreve este trabalho como o “recente desenvolvimento das suas obras relacionadas com a ilusão e a gravidade”, uma estrutura construída ao longo da 16ª Bienal de Cerveira (project in progress) possui grandes dimensões (um cubo de face maiores de oito metros), tendo esta apresentação do projecto dado o mote para inicio oficial da festa de encerramento.
A noite caiu em Cerveira e com ela veio da banda “nova sensação” das rádios portuguesas, os We trust. André Tentugal, reconhecido no como realizador de videoclipes de bandas como - Azeitonas – Em boa companhia eu vou, Sizo – First, X-Wife “On The Radio", juntou os amigos criados ao longo de anos de trabalho com algumas destas bandas entre eles Rui Maia e Nuno Sarafa (X-Wife), Gil Amado (Long Way to Alaska), João André (Bandemónio) e Sérgio Freitas (Zany Dislexic Band). Um concerto soberbo, que deixou a grande maioria dos presentes prestes a sair da cadeira, transmitindo uma energia renovada na forma de fazer música indie-pop. Não serão certamente uma banda a ficar derretida no verão, e a confirmar isso mesmo é o movimento de fans que aguardam pelo lançamento do primeiro registo de originais que verá a luz do dia em finais de Outubro. O concerto teve a sua apoteose com o single “Time (better not stop” contudo a mais de hora de actuação teve os seus momentos altos com “Gone” ou já no final com “Surrender”, confirmando que o multifacetado artista está para durar, marcando de forma indelével a cena musical portuguesa.
A proposta para o dia 17 incluía um painel de pintura a cargo dos artistas da Galeria Projecto: Belkiss, Daniela Steele, Celeste Cerqueira, Susana Bravo e Agostinho Santos), abrilhantada por momentos de jazz com os Talis Saxophone Quartet e para encerrar a tarde uma performance tributo a Jorge Lima Barreto no auditório do Fórum Cultural pelo grupo Zul Zelub.
Vieram de Lisboa e na mala vinha o mais recente “World Massala”. Os ritmos quentes dos Terrakota, misturaram-se com a quente e agradável noite, juntando desta forma a mística da sonoridade Africana com o ambiente de festa que se começou a formar. Um espectáculo contagiante pela fusão dos vários estilos e instrumentos presentes em palco.
O multifacetado dj Miguel Rendeiro, fechou em grande a noite, deixando saudades desta festa, que só se voltará a repetir em 2013.

sábado, 10 de setembro de 2011

Aniversário Cakes & Tapes @ MN - 09 Set 2011















 
Na passada sexta-feira, o Mercado Negro em Aveiro acolheu a festa do primeiro aniversário da editora aveirense Cakes & Tapes. Uma das poucas editoras nacionais, que promove artistas numa rota que se diferencia do mercado normal, pela edição numerada de cassetes, feitas em pequena escala e de forma quase artesanal para além de uma sólida e bem construida pagina na internet onde grande parte do catálogo está disponível para download gratuito.
A festa contava com uma exposição do “artwork” criado ao longo deste primeiro ano de existência da editora, dois dj’s sets, um a cargo dos TaperWares e outro do Renatto e ainda um showcase dos A Jigsaw.
A galeria do Mercado tinha presente o trabalho gráfico criado ao longo do primeiro ano da editora. Na exposição estavam presentes capas do primeiros registos The Shilohs - The Shilohs EP e Yuni In Taxco - Yuni In Taxco, assim como do ultimo lançamento da editora Tiny Island Teeth, dos norte-americanos Lizzard Kisses este em versão especial com cinco capas diferentes numa simpática forma de edição especial de aniversário.
O som da sala vermelha estava a cargo da dupla Taperwares. Com uma sonoridade indie a dupla animou com sons menos convencionais, revisitando grande parte dos artistas representados pela editora, o publico presente, que na sua maioria, aguardava pelo inicio do concerto.
Na zona do bar, Renatto já “mexia” o vinyl com sons mais dançáveis acompanhado com projecções diversas que compuseram o ambiente frenético que compõe esta área da associação cultural.
Já quase o relógio estava a marcar a meia-noite quando os Conimbricenses A Jigsaw entraram em cena no auditório do mercado Negro. À sua espera estava uma plateia uniforme e compacta, demonstrando o interesse que a banda conquista no mercado aveirense. Vieram marcar a noite de uma forma impar. Não são uns meros meninos novos a tentar dedilhar uns sons e receber umas palmas pela música que fazem. Já contam com vários anos de estrada, e isso leva a uma conquista instantânea desde o primeiro acorde. A voz de João Rui, que também toca guitarra, harmónica e banjo, imprime o andamento do concerto juntamente com Jorri nas percussões e Susana Ribeiro no Violino, castanholas e xilofone. Um verdadeiro brigadeiro a sonoridade desta banda, que nos levou a saborear de uma forma diferente a musica. Considerado excelente por alguns e verdadeira delicia para outros, recomenda-se a quem estiver por Aveiro a 17 de Dezembro marcar presença no concerto de promoção do quarto registo de originais da banda.
Mais informações sobre a festa e da editora em http://cakesandtapes.com ou na página do facebook em http://www.facebook.com/cakesandtapes.
Resta-me desejar continuação do excelente trabalho que vêm desenvolvendo, esperando que dure por muito mais anos…